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Modelos de Comunicação em Marketing

Mumbai

A comunicação é um pilar fundamental da existência humana e, no contexto do marketing, ela se manifesta como a ferramenta primordial para a construção de relacionamentos, a transmissão de valor e a concretização de trocas. Desde os primórdios do comércio, a necessidade de informar, persuadir e lembrar os consumidores sobre produtos e serviços impulsionou a evolução das estratégias comunicacionais. No entanto, o arcabouço teórico que sustenta essas práticas é vasto e dinâmico, passando por transformações significativas ao longo do tempo, especialmente com o advento e a consolidação do ambiente digital. Este ensaio científico propõe uma análise aprofundada dos modelos de comunicação em marketing, traçando uma trajetória que se inicia nas teorias clássicas, unidirecionais e focadas na transmissão de mensagens, e culmina na complexa e multifacetada perspectiva digital, marcada pela interatividade, personalização e pelo uso intensivo de dados.

A Gênese dos Modelos de Comunicação: A Teoria Clássica

Os primeiros modelos de comunicação, surgidos no século XX, foram fortemente influenciados pela necessidade de compreender a comunicação de massa em um contexto de veículos tradicionais como rádio, televisão e jornais. O modelo de Shannon e Weaver (1949), embora inicialmente concebido para a engenharia de telecomunicações, tornou-se um marco ao propor um processo linear de comunicação composto por fonte, codificador, mensagem, canal, decodificador e receptor, com a inclusão do conceito de ruído. Sua simplicidade e aplicabilidade generalizada permitiram que fosse amplamente adotado e adaptado para a compreensão da comunicação em marketing. Neste modelo, a empresa (fonte) codifica uma mensagem (anúncio) que é transmitida por um canal (televisão) a um receptor (consumidor), que a decodifica. O ruído poderia ser qualquer interferência, desde uma distração do consumidor até uma falha técnica na transmissão.

Complementarmente, o modelo de Laswell (1948), com sua célebre formulação "Quem diz o quê, em que canal, a quem, com que efeito?", trouxe uma perspectiva mais focada nos elementos essenciais da comunicação e em suas consequências. Para o marketing, essa estrutura permitia uma análise sistemática dos componentes de uma campanha: a empresa (quem), a proposta de valor (o quê), o meio de veiculação (em que canal), o público-alvo (a quem) e o impacto gerado (com que efeito). Esses modelos, apesar de sua natureza linear e unidirecional, foram cruciais para a sistematização do pensamento sobre a comunicação de marketing, enfatizando a importância da clareza da mensagem e da escolha do canal adequado para atingir o público.

Posteriormente, o modelo AIDA (Atenção, Interesse, Desejo, Ação), embora não seja um modelo de comunicação em si, mas sim um funil de vendas, tornou-se um framework amplamente utilizado para guiar o desenvolvimento de mensagens de marketing. Ele pressupõe uma sequência lógica de estágios pelos quais o consumidor passa antes de tomar uma decisão de compra, e a comunicação de marketing deve ser planejada para conduzir o indivíduo por cada uma dessas fases. A publicidade tradicional, por exemplo, muitas vezes buscava primeiro chamar a atenção, depois despertar o interesse, criar o desejo e, finalmente, impulsionar a ação de compra.

Ainda no contexto clássico, a Teoria dos Dois Degraus (Two-Step Flow Theory), de Lazarsfeld e Katz (1955), desafiou a ideia de que a mídia tinha um efeito direto e uniforme sobre o público. Eles propuseram que as mensagens da mídia de massa primeiro atingem os líderes de opinião, que, por sua vez, filtram e retransmitem essas mensagens para seus grupos sociais. Essa teoria evidenciou a importância da influência social e da comunicação interpessoal no processo de aceitação ou rejeição de mensagens de marketing, um conceito que ganharia uma nova roupagem e exponencialidade na era digital.

A Virada Interativa: Preparando o Terreno para o Digital

A partir da segunda metade do século XX, e especialmente com o avanço das tecnologias de informação e comunicação, a comunicação de marketing começou a se afastar da rigidez dos modelos unidirecionais. O desenvolvimento do telefone, do fax e, posteriormente, da internet em seus estágios iniciais, introduziu a possibilidade de interatividade e de feedback instantâneo.

Nesse período, o foco se deslocou da mera transmissão de mensagens para a construção de relacionamentos e a compreensão das respostas do consumidor. Modelos que incorporavam o feedback, como o de Schramm (1954), que representava a comunicação como um campo de experiência compartilhado entre emissor e receptor, começaram a ganhar relevância. A ideia de que a comunicação era um processo dinâmico e circular, e não apenas linear, começou a se solidificar.


O marketing direto, com suas campanhas segmentadas e mensuráveis, foi um precursor importante da perspectiva digital. Cartas personalizadas, catálogos e telemarketing permitiam um nível de comunicação mais direcionado e a possibilidade de medir o retorno das ações. Essa era, embora ainda analógica, pavimentou o caminho para a compreensão da importância da segmentação e da personalização, conceitos que seriam catapultados pela capacidade de processamento de dados do ambiente digital.

🧱 10 mitos sobre modelos de comunicação em marketing

📡 O emissor tem controle total da mensagem
Você perde o controle da interpretação — o que você diz nem sempre é o que o público entende.

📨 Comunicação termina quando a mensagem é enviada
Você só conclui a comunicação quando há compreensão, reação e engajamento real do receptor.

📢 A comunicação é sempre linear
Você vive um ciclo contínuo com feedback instantâneo, adaptações e múltiplos sentidos simultâneos.

🧍 O público é passivo na comunicação
Você enfrenta consumidores ativos que respondem, compartilham, transformam e até boicotam a mensagem.

📺 Modelos antigos não servem no marketing atual
Você aprende com a base clássica para estruturar estratégias modernas com mais solidez.

📊 Mais alcance sempre significa mais impacto
Você pode atingir muitos, mas tocar poucos — relevância importa mais que volume bruto.

🧠 Conteúdo racional é mais eficaz que emocional
Você engaja mais quando provoca emoções autênticas, não apenas lógica ou dados frios.

📝 Basta informar para convencer
Você conquista quando envolve, narra, inspira — dados são importantes, mas não bastam.

🎯 Personalizar é só usar o nome da pessoa
Você entrega valor real quando adapta o conteúdo ao momento, dor e desejo do receptor.

🛑 A marca controla o diálogo
Você inicia a conversa, mas quem define o rumo, ritmo e tom é o público que interage com você.


🔍 10 verdades elucidadas sobre modelos de comunicação

🔁 Comunicação é um ciclo com feedback contínuo
Você adapta, responde e melhora sua mensagem ouvindo ativamente o que o público devolve.

📡 O canal interfere no significado
Você entende que a mesma mensagem em texto, vídeo ou voz gera percepções completamente diferentes.

🧠 Emoção fortalece a memorização
Você se torna inesquecível quando toca sentimentos — o cérebro guarda o que o coração sente.

🎭 O receptor interpreta com base em seu repertório
Você ajusta a mensagem ao contexto, cultura e experiências prévias do seu público-alvo.

🧱 Ruídos distorcem ou quebram a comunicação
Você planeja com clareza para reduzir interferências semânticas, técnicas e emocionais.

🎯 Segmentação melhora a eficiência da comunicação
Você fala diretamente com quem importa, usando linguagem e canais sob medida.

📲 No digital, a comunicação é multilateral
Você não fala com uma pessoa por vez — você dialoga com comunidades em tempo real.

📚 Narrativas têm mais poder que argumentos secos
Você envolve quando conta histórias com início, meio, emoção, conflito e propósito.

📊 Mensurar reação é parte essencial do processo
Você ajusta com métricas de engajamento, retenção, conversão e sentimento.

📢 A marca precisa ter voz, tom e presença consistentes
Você comunica confiança e identidade quando mantém coerência em todos os pontos de contato.


🧰 Margens de 10 projeções de soluções em comunicação de marketing

📊 Use storytelling em campanhas institucionais e comerciais
Você gera conexão emocional e fixa a mensagem com histórias humanas e relevantes.

🧠 Adapte o conteúdo ao estágio do funil de vendas
Você nutre o interesse com conteúdos informativos no topo e propostas claras no fundo.

📲 Desenvolva tom de voz único e replicável
Você diferencia sua marca ao manter estilo e linguagem em redes, e-mails e atendimento.

🎯 Segmente suas mensagens por comportamento, não só por demografia
Você fala com base em hábitos reais, e não em rótulos genéricos.

📡 Escolha canais com base no público e não na moda
Você impacta mais ao estar onde seu público está — e não onde a tendência dita.

💬 Crie rituais de escuta ativa nas redes sociais
Você entende dores, desejos e sugestões diretamente de quem consome ou rejeita sua marca.

📚 Produza conteúdo multimodal: vídeo, áudio, texto e imagem
Você alcança estilos diferentes de aprendizagem e aumenta sua capilaridade.

📈 Meça não só alcance, mas impacto qualitativo
Você avalia comentários, DMs e menções para entender percepção e posicionamento.

🔁 Utilize feedbacks para ajustar a próxima campanha
Você faz comunicação viva, que evolui com o público — e não cristalizada no briefing inicial.

🎭 Treine sua equipe com base nos modelos de comunicação
Você capacita seu time para reconhecer ruídos, manter consistência e adaptar mensagens com empatia.


📜 10 mandamentos dos modelos de comunicação no marketing digital

🧠 Conhecerás teu público antes de falar
Você estudará hábitos, linguagem, crenças e dores para acertar o tom da mensagem.

🎯 Focarás na clareza acima do jargão
Você evitará rebuscamento para garantir que sua mensagem seja acessível a quem interessa.

📢 Definirás o canal conforme o contexto
Você usará LinkedIn para autoridade, Instagram para estética, WhatsApp para urgência, e assim por diante.

📚 Aprenderás com os clássicos da comunicação
Você usará modelos como Shannon-Weaver e Berlo para estruturar mensagens e fluxos modernos.

🧩 Adaptarás a mensagem ao estágio do funil
Você entenderá se está educando, convencendo ou convertendo — e moldará a comunicação a isso.

📊 Mensurarás engajamento com senso analítico
Você saberá que curtidas não bastam — e olhará para profundidade, interação e ROI.

🧭 Manterás consistência na identidade da marca
Você construirá confiança quando sua comunicação refletir um estilo único, firme e contínuo.

🎭 Humanizarás a marca com emoção e empatia
Você criará conexão verdadeira ao se comunicar com calor, respeito e vulnerabilidade.

📞 Responderás com agilidade e coerência
Você lembrará que diálogo é via de mão dupla e que ignorar é comunicar também.

🔁 Evoluirás com o feedback do público
Você escutará com humildade e usará sugestões, críticas e elogios como bússola.

A Perspectiva Digital: Multicanalidade, Interatividade e Dados

A revolução digital transformou radicalmente os modelos de comunicação em marketing. A internet, as redes sociais, os dispositivos móveis e as tecnologias emergentes não apenas ampliaram os canais de comunicação, mas também alteraram fundamentalmente a dinâmica entre marcas e consumidores. A comunicação deixou de ser um monólogo para se tornar um diálogo contínuo, muitas vezes iniciado e controlado pelo próprio consumidor.

Um dos pilares da perspectiva digital é a comunicação integrada de marketing (CIM), que, embora não seja exclusiva do ambiente digital, ganhou novas dimensões nele. A CIM busca harmonizar todas as mensagens e canais de comunicação de uma marca para oferecer uma experiência consistente e unificada ao consumidor, independentemente do ponto de contato. No digital, isso se traduz na coesão entre website, redes sociais, e-mail marketing, anúncios online, aplicativos e até mesmo a comunicação em lojas físicas que possuem integração com o online.

A interatividade é, sem dúvida, a característica mais marcante da comunicação digital. Diferentemente dos modelos clássicos, onde o receptor era passivo, no ambiente digital o consumidor se torna um prosumer (produtor e consumidor), engajando-se ativamente com as marcas, produzindo conteúdo, compartilhando experiências e fornecendo feedback em tempo real. As redes sociais são o epítome dessa interatividade, permitindo que as marcas não apenas publiquem, mas também ouçam, respondam e participem de conversas. Modelos contemporâneos de comunicação reconhecem essa natureza bidirecional e descentralizada, onde a mensagem pode ser gerada não apenas pela marca, mas também por outros consumidores (user-generated content).

O Big Data e a Inteligência Artificial (IA) se tornaram catalisadores para a evolução dos modelos de comunicação digital. A capacidade de coletar, analisar e interpretar vastas quantidades de dados sobre o comportamento do consumidor permite uma personalização em escala sem precedentes. A IA, por sua vez, possibilita a automação de interações (chatbots), a otimização de anúncios em tempo real, a recomendação de produtos e a criação de conteúdo personalizado. Isso levou ao surgimento de modelos que enfatizam a comunicação adaptativa e contextual, onde a mensagem é moldada de acordo com o perfil, o comportamento e o momento do consumidor.

O marketing de conteúdo é outro modelo predominante na perspectiva digital, onde as marcas buscam atrair e engajar seu público-alvo criando e distribuindo conteúdo relevante, valioso e consistente. Essa abordagem se afasta da interrupção da publicidade tradicional e se aproxima da construção de relacionamentos por meio da educação e do entretenimento, gerando valor antes mesmo de uma transação comercial.

A jornada do cliente no ambiente digital é complexa e não linear, com múltiplos pontos de contato e interações. Modelos atuais de comunicação em marketing precisam considerar essa jornada fragmentada, garantindo que a mensagem seja consistente e relevante em cada etapa, desde a descoberta até a pós-compra. A atribuição multicanal, que busca entender o peso de cada ponto de contato na decisão de compra, tornou-se um desafio e uma necessidade para otimizar os investimentos em comunicação.

Além disso, a ascensão do marketing de influência resgatou, em uma nova roupagem, a Teoria dos Dois Degraus. Os influenciadores digitais atuam como novos líderes de opinião, endossando produtos e serviços e exercendo forte impacto nas decisões de seus seguidores. A comunicação, neste contexto, se torna mais orgânica e crível, pois vem de uma fonte percebida como autêntica.

Desafios e Perspectivas Futuras

Apesar dos avanços, a comunicação de marketing na perspectiva digital enfrenta desafios significativos. A sobrecarga de informações, o ceticismo do consumidor e a necessidade de se destacar em um ambiente altamente ruidoso exigem estratégias cada vez mais sofisticadas e criativas. A privacidade de dados e a segurança cibernética são preocupações crescentes, moldando as práticas de coleta e uso de informações dos consumidores e exigindo transparência por parte das marcas.

O futuro dos modelos de comunicação em marketing aponta para uma integração ainda mais profunda entre tecnologia e humanização. A Realidade Aumentada (RA), a Realidade Virtual (RV) e o Metaverso prometem criar experiências imersivas e altamente interativas, desmaterializando as barreiras entre o digital e o físico. A Inteligência Artificial Generativa pode revolucionar a criação de conteúdo, permitindo a produção de mensagens personalizadas em escala sem precedentes. Contudo, o elemento humano – a capacidade de contar histórias, de gerar empatia e de criar conexões genuínas – continuará sendo insubstituível.

Em suma, os modelos de comunicação em marketing evoluíram de concepções lineares e unidirecionais para abordagens complexas, interativas e data-driven. A transição da teoria clássica para a perspectiva digital não é um abandono total dos princípios fundamentais, mas sim uma expansão e uma recontextualização deles. A compreensão de "quem diz o quê, em que canal, a quem, com que efeito" permanece relevante, mas agora é enriquecida por camadas de interatividade, personalização e análise de dados. As marcas que compreendem essa metamorfose e investem em estratégias de comunicação adaptativas, éticas e centradas no ser humano estarão mais preparadas para prosperar na paisagem em constante transformação do marketing digital.


Referências

  • Shannon, C. E., & Weaver, W. (1949). The Mathematical Theory of Communication. University of Illinois Press.

  • Lasswell, H. D. (1948). The Structure and Function of Communication in Society. In L. Bryson (Ed.), The Communication of Ideas (pp. 37-51). Harper & Row.

  • Strong, E. K. (1925). Theories of Selling: An Introduction to Psychological Selling. Ronald Press. (Referência implícita ao modelo AIDA, cuja origem é atribuída a Elmo Lewis em 1898, mas popularizado por Strong e outros).

  • Lazarsfeld, P. F., & Katz, E. (1955). Personal Influence: The Part Played by People in the Flow of Mass Communications. Free Press.

  • Schramm, W. (1954). The Process and Effects of Mass Communication. University of Illinois Press.

  • Kotler, P., & Keller, K. L. (2016). Marketing Management (15th ed.). Pearson Education. (Para CIM e conceitos gerais de marketing).

  • Chaffey, D., & Ellis-Chadwick, F. (2019). Digital Marketing: Strategy, Implementation and Practice (7th ed.). Pearson Education. (Para conceitos de marketing digital, Big Data, IA, etc.).

  • Pulizzi, J. (2012). Content Marketing Institute. (Para conceitos de Marketing de Conteúdo).

  • Dahlen, M., Lange, F., & Smith, T. (2010). Marketing Communications: A Brand Narrative Approach. John Wiley & Sons. (Para storytelling e tendências de comunicação).

  • Ryan, D. (2020). Understanding Digital Marketing: Marketing Strategies for Engaging the Digital Generation (5th ed.). Kogan Page. (Para interatividade, mídias sociais e jornada do cliente).

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